terça-feira, 31 de agosto de 2010

AMIGOS VIRTUAIS


 Quando  surgiu  essa  fascinante  rede  mundial  de  comunicação  – a internet –,  abriram-se infinitas possibilidades de interação entre as pessoas pelo mundo todo, multiplicando-se amizades, amores, conhecimento... e muito mais...

 Na vida, pode-se utilizar de forma indevida qualquer objeto: a mesma faca que corta seu pão poderá servir para ferir alguém...  os mesmos lábios que utilizamos para beijar e acariciar, poderão ser veículos de  infâmias e calúnias... O bom uso depende do usuário e de suas intenções.
            Para os homens de boa-vontade, a internet tem amplos e positivos significados: desde uma fonte inesgotável e sempre crescente de conhecimento, sabedoria e reflexão, a uma possibilidade real de espantar o fantasma da solidão - para os tímidos, para os idosos, para qualquer um de nós...
            E para os românticos, então...
            Para os românticos assumidos, tornou-se um cantinho mágico, onde amizades e amores interagem e proliferam positivamente; onde mensagens, poemas, meditações e reflexões, trocados constantemente, trazem alento às almas sofridas, são bálsamos de ternura e encantamento que tornam o dia-a-dia mais feliz e as horas de incerteza, mais suportáveis... e para os não-românticos, uma  chance de também se envolver  e descobrir o fascínio  dessa convivência mágica.
            Convencionou-se chamar o universo da internet de "espaço virtual".
            Serão essas pessoas amigos virtuais?
            Não...
            São reais. São amigos reais.
            São reais em sua presença diuturna em nossas vidas, nos proporcionando ensinamentos, ajudando-nos a nos tornarmos seres humanos melhores.
            São reais na medida em que nos incentivam em nosso processo contínuo de aperfeiçoamento moral, com a difusão de palavras em mensagens que nos conduzem a preciosos momentos de reflexão.
            São reais, porque vivenciam conosco momentos reais de felicidade.

CONCURSOS


Em tempos de fim de ano multiplicam-se os concursos. Desde a área federal à área municipal, os cargos públicos vacantes solicitam novos ocupantes, mas devem entrar pela porta da frente, do concurso. A agitação do fim de ano e início de Ano Novo não para por aí na busca de ajustes, tem também os vestibulares que não deixam de ser concursos para competir e encontrar a chave que abre as portas da universidade.
Eu sei que o mundo é competitivo, sempre terá alguém querendo suplantar alguém. Isto, porém, pode se tornar uma psicose se não for bem direcionado o processo. O mundo mercadológico está infestado do vírus que causa esta epidemia capaz de reduzir o ser humano ao extremo da riqueza ou da pobreza, anulando toda forma de igualdade. Se existe a parceria, esta será mais um instrumento para suplantar o concorrente. Sabemos que há necessidade de escolha dos capacitados para cargos específicos para que o progresso não encalhe. Sabemos, também, que o exercício desta busca pode alterar o comportamento fraterno da humanidade. O certo é o equilíbrio, que nem sempre é fácil de encontrar. Até se sabe, mas anda fora de moda: usando a linguagem do amor.
Perguntamo-nos, nesta altura de nossa reflexão, se os competidores têm consciência de sua finalidade, a razão das suas vidas, o que deve ser perene e o que é passageiro? 
A selvageria da competição pode esclerosar a sensibilidade, a flexibilidade, endurecer e entupir as artérias por onde deve passar o sangue restaurador do amor, da misericórdia, da partilha, dos afetos mais puros, da fé e da própria vida. A oxigenação da alma se torna deficiente, o espírito fica asfixiado, a vida se torna uma droga e a depressão se instala reduzindo o ser humano a um trapo.
Então é necessário, no comportamento humano, remoldá-lo através de mudanças  atualizando a mensagem do amor que reensinará a virtude da partilha.

ENTRE ERROS E ACERTOS


Entre acertos, erros e ajustes fazem-se o progresso e o aperfeiçoamento da vida. Os erros são olvidados na medida em que servem para o ajuste do processo. Os acertos, então, são contabilizados e o processo se reinicia. Não se condena uma criança pelas tentativas frustradas no aprendizado do caminhar, pela quedas ocorridas, mas se parabeniza pelo percurso realizado.
         Tão logo se chega a um objetivo proposto, as agruras e empecilhos do caminho são esquecidos. Então me pergunto: Porque se angustiar e se fixar nos atos falhos quando eles nada mais são que elementos de um processo construtivo? Então, na avaliação da sua vida e na avaliação da vida dos outros, se deve passar à margem dos atos falhos, porque eles mostram por onde não é oportuno transitar. Se não for desta forma perdemos um longo tempo lastimando, tempo de poderia atualizar os objetivos propostos. Já que na ordem natural as coisas assim ocorrem, nas espirituais se assemelham. As quedas não devem ser somadas e sim as vezes que se levanta e, ao levantar se olvida os tombos processuais.
         Uma das muitas causas da depressão é se fixar nas ocorrências negativas que geram o estado de culpa. A causa da fixação é o vício de apontar mais para os erros que para os acertos do processo.
         Ser agente da educação é muito isso: assessorar a construção da personalidade, mostrando ao educando, o bem que pode concretizar através de suas qualidades e a aceitação, sem angústia, dos seus limites.

PRECONCEITOS


 Líder verdadeiro é aquele capaz de governar a si mesmo, mais que governar uma nação. Ter habilidade para concretizar relações profundas e abertas, flexibilizar decisões e gerenciar ansiedades e angústias, torna alguém líder da vida.
            O verdadeiro líder não cultiva preconceitos diante de si e dos outros porque o preconceito engessa a inteligência e dificulta a relação. Ao ser estimulada, a inteligência ativa diversos pensamentos. O radar da memória varre as experiências vividas, os conceitos emitidos, os valores cultivados e constrói um conceito provisório, não definitivo, sujeito a revisão, sobre a correção do ato, a moralidade da ação, a beleza, a virtude etc... O conceito prévio é inevitável e necessário. Se não reciclamos o processo não nos libertamos da ditadura do preconceito, cristalizamos nossa inteligência e minimizamos a qualidade do pensamento.
            Existem três tipos de preconceitos:
1.    Preconceito histórico. Nasce quando olhamos e analisamos o mundo sob a ótica de determinada cultura. Cada uma vê o mundo diferente pela sua própria ótica; assim os médicos, os cientistas físicos, os sacerdotes, os psiquiatras.
2.    Preconceito tendencioso. É aquele que pende para um lado. Aquele que fere o direito do outro e as próprias emoções com preferências subjetivas ou interesses mesquinhos.
3.    Preconceito radical. Este nasce do fanatismo, desconhece a complexidade dos fatos. É emitido por quem se julga infalível, um semi-deus, um ser absoluto e definitivo; não admite se revisar.
Existem remédios para sanar a doença do preconceito: O exercício da dúvida, a autocrítica sobre os próprios conceitos e valores, a tolerância capaz de aceitar os limites do outro e os seus próprios, a valorização das diferenças independentemente de sua moralidade, erros e história.
Lembro que as discriminações e as muitas formas de intolerância (religiosa, política etc...) geram a cultura da morte e as guerras.

A ESCOLA DA VIDA


  Muitos não tiveram a possibilidade de freqüentar os bancos escolares, mas freqüentaram os bancos da existência. Nesta escola puderam conhecer, profundamente, os pensamentos, as limitações e as crises da existência humana.
            Na escola da existência são pouco contabilizados os diplomas, os títulos, a condição financeira. Nela valem mais a contemplação do belo, a alegria de viver, a aceitação da realidade pessoal. Nela se aprende a lidar com as diferenças e gerenciar as limitações. Nela se tem certeza que o maior sucesso não está fora, mas dentro de si mesmo; os caminhos mais significativos estão traçados para dentro do próprio ser. Na escola da vida os melhores alunos são aqueles que conhecem e administram seus conflitos e limitações, mais que suas qualidades pessoais e conquistas sociais.
            A doença da depressão, entre muitas causas, tem uma fundamental: o desconhecimento de si mesmo ou a aceitação das próprias limitações. Diante dos conflitos se deprimem,  perdendo a capacidade de gerenciar as contrariedades.           
            Hoje se corre para o trabalho, para o mercado, para longe de tudo e de todos e não se é capaz de correr para o interior do seu próprio ser para descobrir suas potencialidades, a finalidade da vida e o modo de qualificá-la. Escolarizando a vida, não só palmilhamos estradas retas e planas de acertos e conquistas, mas também transpomos caminhos sinuosos de derrotas, obstáculos  de perdas e caos emocional e social. Tudo isso me faz lembrar a têmpera do aço: do massacre do fogo, da bigorna, da água e do revide se forma a lâmina de qualidade superior.

PARA QUEM BATES PALMAS?


   Bater palmas é quase um jeito universal de aclamar, de concordar, de louvar...
            Para quem tu bates palmas?
-Para o herói do teu time que te salvou da gozação, no último minuto de jogo quando os holofotes já estavam sendo desativados, naquele minutinho de prorrogação?
-Para teu chefe, na empresa, para colher dele as boas graças em vista de uma promoção ou de algum aumento de salário?
-Para o político que te devolve alguma esperança depois de dezenas de desilusões ou por algum retorno em forma de emprego, dinheiro ou algo semelhante?
            Para quem tu bates palmas?
-Para tua mãe que te deu a vida, que te alimentou com seu materno leite, que te ensinou os primeiros passos, que velou ao teu lado na noite dos teus sonhos agitados?
-Para teu pai que na seara do mundo respigou teu alimento de cada dia, te defendeu dos perigos, te tomou pela mão nos teus caminhos, te carregou no colo quando cansaste?
-Para teus irmãos, solidários nas tuas brincadeiras, compreensivos nas tuas burrices, companheiros nas tuas aventuras?
            Para quem tu bates palmas?
-Para teus evangelizadores que te encaminharam para Cristo e te animaram na fé da ressurreição?
            Para quem tu bates palmas?
-Para ti, porque te descobriste nos dons que Deus te dotou, na aceitação de tuas limitações, na humildade de te deixares salvar por Ele, na solidariedade de repartires o que és e o que tens, no carinho que és capaz de dedicar ao desiludido, na alegria que és capaz de partilhar, enfim, por tudo que és como filho de Deus e irmãos dos homens e do universo?

LUTAR SEM CESSAR


   As filas diante dos balcões das casas lotéricas pedem uma reflexão profunda, sua e minha. Todos sonhamos com fortuna fácil com ação capaz de dispensar esforço, algo que venha de fora de nós, sem trabalho e ocupação que envolva tempo e planejamento. Um toque de sorte que dispensando o suor do rosto antes, afastará qualquer suor, depois: vida mole na fartura e no ócio. Tenho consciência que muitos recorrem ao jogo para sanar dívidas, melhorar o rancho e respirar um pouco mais aliviados, financeiramente. Dentro da lei das probabilidades isto é quase inatingível e quem coloca no jogo sua esperança, se desespera, joga fora o pouco que lhe resta.
            A melhor solução de nossos problemas está na força que existe dentro de nós e não fora. Mas esta busca interior requer trabalho e deve ser garimpada com esmero e dedicação. Assemelha-se às rochas sedimentares que levaram milênios para solidificarem com consistência capaz de qualificá-las para uso nas calçadas da cidade. A vida não se faz de segundos, mas de dias, meses e anos. Os resultados são construídos e não aparecem por acaso, são semeados, regados e cultivados.
            Férias, descanso e repouso só têm sentido quando trabalhamos, nos cansamos e gastamos energia necessária na construção de nossos objetivos.
Depois de muitas tentativas no jogo da sorte, optei pelo investimento em projeto, execução, avaliação, correção e retomada no trabalho consistente.